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Goiânia,30/06/2025

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Crise no Oriente Médio: estratégias de proteção para o agro brasileiro

Diante dos riscos logísticos e da volatilidade global, consultoria indica como proteger margens, planejar vendas e mitigar custos

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Crise no Oriente Médio: estratégias de proteção para o agro brasileiro Foto: Adobe Stock

O mercado de commodities agrícolas deve sentir as consequências do agravamento das tensões no Oriente Médio. Mais do que um efeito colateral, os impactos sobre os custos logísticos, energéticos e de insumos tendem a ser cumulativos, sobrecarregando um sistema que já operava no limite antes mesmo da escalada do conflito, segundo avaliação da Markestrat.

Nesse cenário, especialistas da consultoria apontam que os produtores brasileiros devem adotar estratégias mais cautelosas e bem planejadas, com foco na proteção de margens, no monitoramento dos custos e em decisões comerciais escalonadas. 

Soja
Na soja, mesmo com uma leve recuperação dos contratos futuros na última semana, o mercado continua pressionado por uma demanda internacional enfraquecida. “A recomendação é que o produtor busque fixações escalonadas, aproveitando picos de mercado, e mantenha atenção total sobre câmbio, fretes e riscos logísticos”, destacam os especialistas, em relatório. 

Além disso, o comportamento do óleo de soja merece atenção redobrada. Com alta de mais de 15% no mercado internacional, o óleo tornou-se um dos principais vetores de valorização no complexo soja — em meio a uma trajetória oposta do farelo, que vem acumulando quedas. Essa inversão reforça o papel estratégico do óleo na composição do valor do grão, especialmente em um ambiente de demanda energética aquecida e gargalos logísticos crescentes.

Milho
No milho, os impactos da tensão geopolítica também são relevantes. “O produtor brasileiro, que entra no segundo semestre com a safra de inverno avançando de forma favorável, precisa avaliar com cautela a janela de comercialização”, pontuam. Isso porque, de acordo com os especialistas, o período coincide com o pico da oferta nacional e com a possibilidade de aumento nos custos de transporte marítimo, caso a crise no Oriente escale ainda mais. 

 

Apesar de um leve alívio nos contratos futuros no curto prazo, o mercado segue pressionado pela safra norte-americana, que avança em bom ritmo, com clima positivo nos Estados Unidos.

Trigo
O trigo não foge do cenário de atenção. Embora os contratos futuros tenham registrado uma leve recuperação, o mercado físico segue pressionado. “As exportações russas e norte-americanas mantêm o mercado global bem abastecido, o que limita reações mais fortes nos preços. Ainda assim, os riscos logísticos no Oriente Médio adicionam volatilidade ao custo de transporte”, explica a consultoria. 

Diante desse quadro, conforme os especialistas, o produtor deve ficar atento às oscilações cambiais e às oportunidades de venda futura, sem perder de vista os riscos climáticos na fase inicial da safra brasileira.

Algodão
O mercado de algodão vive uma combinação delicada: colheita se aproximando, expectativa de safra recorde, mas preços pressionados no mercado físico e nos contratos de curto prazo. A escalada do conflito entre Irã, Israel e Estados Unidos (EUA), somada à possibilidade de gargalos logísticos no segundo semestre — tradicionalmente o pico do fluxo marítimo global —, torna prudente que os produtores avaliem com seriedade a antecipação de fixações futuras. “Isso é ainda mais relevante para quem depende de insumos importados ou de mercados sensíveis aos custos de frete”, afirmam.

Cana-de-açúcar
No caso da cana-de-açúcar, o cenário é de margens apertadas, com o mercado de açúcar pressionado pela oferta global elevada e custos de produção firmes. Por outro lado, há sinais positivos no mercado de etanol, impulsionado pela proposta dos EUA de ampliar a mistura de biocombustíveis. “Nesse contexto, o produtor precisa reforçar seu planejamento financeiro e considerar instrumentos de hedge para mitigar os riscos de volatilidade nos preços e nos custos logísticos”, recomendam.


Laranja
O setor de laranja, que já vinha enfrentando uma forte correção nos preços dos contratos futuros de suco — com quedas superiores a 14% na semana —, vê o desafio de rentabilidade se agravar. A cotação da caixa no cenário doméstico também recua, embora de forma mais moderada (-0,36% na última semana). 

Diante dos gargalos logísticos crescentes e da incerteza sobre a oferta global, os especialistas acreditam que o setor precisa apostar na qualidade do produto e no posicionamento em nichos diferenciados. Essa estratégia protege contra a possibilidade de queda na demanda internacional em função do aumento dos custos de exportação.

Café
O cenário também é de pressão no café. As expectativas de uma boa safra em 2025 derrubaram os preços futuros, especialmente do arábica, que acumulou quedas superiores a 11% na semana. O robusta segue na mesma direção (-12,44%), ampliando os desafios para os produtores. 

“Com custos elevados e clima instável, o setor cafeeiro precisa focar na preservação de margem e de liquidez, ajustando o planejamento comercial e buscando proteção contra riscos, sobretudo em um ambiente global de fretes marítimos pressionados e gargalos logísticos latentes”, alerta a Markestrat. 

Pecuária
A pecuária, por sua vez, vive um momento mais estável. Apesar de uma leve oscilação negativa nos contratos futuros do boi gordo — recuo mensal de 0,20% para julho —, o mercado físico permanece sustentado — +2,61% no acumulado do mês —, apoiado em bons índices zootécnicos e em uma demanda interna consistente. 

















No entanto, conforme os especialistas, os riscos logísticos internacionais, especialmente no segundo semestre, exigem que os pecuaristas acompanhem de perto os possíveis impactos indiretos sobre os custos e sobre as exportações de carne.




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